Não sou de papel

         

         As pessoas devem pensar que eu sou de papel... Que elas podem vim, escrever suas historias em mim e se não der certo, se não sair como elas querem, simplesmente podem me picar, já que não podem apagar.

Elas devem pensar que sou de papel, que elas podem vim desabafar, gritar, me usar e depois me amassar e jogar fora.

Acontece que eu não sou de papel, posso até não falar, às vezes, mas com profunda dor, posso me lembrar...

Ah, eu não sou de papel, se é isso que você acha... Mas você me deixa em pedaços, você me rasga me divide ao meio, mas eu não seria capaz de sofrer... Sofrer por você. Pode até não parecer, mas tenho muito a ensinar. Muito a aprender.

Você deve pensar que sou de papel, mas eu não seria capaz... Capaz de esquecer tudo e voltar atrás. Eu apenas te observo, eu não te quero. Não te quero mais. Te amo, não sei como, mas sei que não te quero.

Você escreveu sua historia em mim e pensando que sou de papel, me despedaçou... Mas ao contrario de você, eu não sou fácil de esquecer. Não vou te esquecer. Não sou de papel, mas a historia que você escreveu não se apaga em mim... Apenas te observo, mas não te quero. Sei que você não é de papel, não vou te despedaçar, embora não saiba, não sou como você. A historia que você escreveu não se apaga em mim, e hoje estou aqui, escrevendo a historia daquela que nasceu unicamente pra te fazer sorrir.

E essa história é a voz do meu silencio... A tradução do meu eu. A nossa tradução. O jeito que encontrei pra traduzir tudo que há em mim.