Porque quando eu fecho os olhos e o vento vem acariciar meus cabelos, eu ouço algo forte e vivo dentro de mim e assim, de uma hora pra outra, posso ouvir também o seu coração dentro de mim e eu me deito na grama verde contando estrelas e tudo que eu queria era você ali pra dormirmos cobertos por elas.
Isso dentro do meu coração é como um ponto de luz na escuridão, mas agora você fecha os olhos pra não ver a luz e adormece como um anjo diante dos meus olhos ainda úmidos da última tempestade e assim sonha em encontrar a felicidade.
Você quis fugir, você quis dormir, mas pra que pôr os pés no chão com os espinhos expostos se todo mundo quer voar? E sem mim você é apenas metade... Você é limitado, você mesmo se pôs essa limitação, pois eu sou suas asas. Eu que faço tudo acelerar em câmera lenta, eu que faço... Você quis dormir na tempestade e sonhar em encontrar a felicidade, você escolheu os sonhos que podem ruir, os sonhos que só são reais se você dormir...
Você escolheu os sonhos que não passam de reles quimeras que caem como folhas de outono numa noite de primavera. E assim, adormece em escuridão. Pois sem mim você é metade de um coração, você é limitado e eu sou as suas asas, aquelas que você abriu mão pelos sonhos e se jogou num abismo, um abismo sem mim; isso vai doer quando você encontrar o chão... Adormecido em escuridão... E eu corro pelos bosques tentando aparar a sua queda, mas seu sonambulismo não te deixa me ver por trás de tudo que protege você...